A juventude brasileira brilhou novamente. Num jogo eletrizante e emocionante, a seleção brasileira sub-20 venceu a Espanha nos pênaltis e garantiu vaga em uma das semfifinais da competição. Depois do empate no tempo normal e na prorrogação, a estrela do Brasil brilhou na decisão por penalidades máximas, despachou os espanhois de volta para casa e seguem firme em busca do pentacampeonato mundial da categoria. Mostrando uma postura de gente grande, os meninos brasileiros passaram de fase e continuam seu trabalho, não visando só este Mundial, mas também projetos futuros.
Quem viu toda a partida viu um grande equilíbrio entra as duas equipes em todo o tempo de partida, menos nos primeiros 35 minutos da primeira etapa. Nervosa e ansiosa, a seleção brasileira não conseguia dar três toques na bola, não aproveitava o talento individual de seus jogadores e levou uma enorme pressão dos espanhóis, que se imporam e tomaram conta do campo brasileiro. O Brasil, acuado, não jogava com suas laterais e nem com seus homens de criação, e teve suportar as investidas dos europeus. Mesmo jogando mal e com a defesa atrapalhada, a seleção conseguiu segurar o ímpeto espanhol, graças também ao goleiro Gabriel, que teve certo trabalho em algumas bolas perigosas. A seleção só chegava em alguns poucos contra-ataques. E, num destes contra-golpes, e mesmo em um cenário bastante desfavorável, o Brasil abriu o placar. Depois de um chutaço de Henrique, a bola acertou o travessão e sobrou limpa para outro atacante são-paulino, William José, só empurrar para o fundo do gol, abrindo o placar na cidade de Pereira. A partir do gol brasileiro, o jogo foi outro. Os espanhóis sentiram o gol e não conseguiam mais chegar com tanta facilidade como nos primeiros 35 minutos de partida.
Na segunda etapa, a partida melhorou bastante, e o equilíbrio começou a imperar dentro das quatro linhas. O técnico Ney Franco sacou William, que marcara o gol, e pôs o velocista Negueba na partida, deixando o flamenguista aberto pela direita e centralizando mais Henrique. Mais calmo e organizado, o Brasil apostava na velocidade do seu ataque para matar a partida, enquanto os espanhóis, que sentiram bastante o gol, voltaram a jogar bem, como atuaram no primeiro tempo. E foram os europeus que empataram o jogo. Depois de cruzamento, o brasileiro naturalizado Rodrigo se antecipou a marcação e cabeceou sem chances para Gabriel. 1 a 1 no placar, e o jogo seguia muito equilibrado e também muito aberto. A Espanha continuava achando buracos na defesa brasileira, principalmente no meio-de-campo. Já o Brasil continuava apostando na rapidez ofensiva. E este cenário aumentou ainda mais quando Ney Franco colocou Dudu na vaga do apagadíssimo Phillipe Coutinho. Com o cruzeirense pela esquerda, Negueba pela direita e Henrique dentro da área, as jogadas pelas pontas se intensificaram, mas ficaram muito previsíveis. Oscar, que tinha a missão de criação no meio-de-campo, se preocupava mais em marcar do que criar jogadas. Assim, com os espanhóis também tentando o gol, o jogo foi para a prorrogação.
O tempo extra mostrou uma mesma postura de ambas as seleções. Os brasileiros continuavam jogando quase que exclusivamente pelas alas, e as jogadas de meio não saíam. Já os espanhóis tentavam aproveitar os espaços dados no meio-de-campo, já que os volantes brasileiros jogavam bastante recuados, e também tentavam pelos lados, explorando as costas dos laterais do Brasil, que não apoiavam e nem marcavam. Assim, Ney Franco tentou algo diferente. Sacou o cansado Oscar e pôs o vascaíno Allan no jogo, mudando o esquema brasileiro, que passou a jogar num 3-4-3, deslocando Casemiro para a função de líbero, Allan pela direita e Gabriel Silva pela esquerda como alas, apoiando Dudu e Negueba mais a frente, respectivamente. O santista Danilo formou a dupla de volantes com o gremista Fernando, e Henrique permanecia como centroavante. Assim, o Brasil voltou a jogar mais pelo meio, tendo mais possibilidades de jogadas.
E quem levou a melhor diante de toda esta disputa foi a nossa seleção. Em jogada de Dudu pela esquerda, o cruzeirense tabelou com Henrique e chutou cruzado, colocando o Brasil novamente na frente do marcador. Mas, quando se trata de um jogo destes, tão brigado e disputado, qualquer vacilo pode ser fatal. E foi. Em mais uma entre tantas cochiladas da defesa brasileira, o cruzamento vindo da esquerda encontrou Vazquez livre dentro da pequena área para igualar o placar. 2 a 2 e nada definido. O segundo tempo da prorrogação manteve o mesmo panorama. Jogo franco e aberto, com as duas equipes buscando insessantemente o gol. O Brasil foi um pouco melhor, tentou com cruzamentos, jogadas pelas laterais e pelo meio, mas não conseguiu marcar. E, assim como em toda a partida, os espanhóis permaneceram encontrando muitos espaços pelas laterais, nas costas dos brasileiros, que conseguiram melhorar a marcação pelo meio. Mas não teve jeito. Mais uma vez, as penalidades máximas no caminho da seleção brasileira e dos brasileiros.
E todo brasileiro, por mais otimista que seja, se lembrou da fatídica decisão por pênaltis da última Copa América, contra o Paraguai. Porém, os meninos brasileiros mostraram muito mais frieza, controle emocional e categoria para baterem os pênaltis, mesmo sendo ainda bastante jovens. Casemiro, Danilo, Henrique e Dudu converteram as cobranças. 100% de aproveitamento do Brasil, que contou com o excelente e inspirado goleiro Gabriel, que defendeu duas cobranças, para avançar as semifinais do Mundial. Agora, a nossa seleção encara o México, que eliminou a dona da casa Colômbia. A partida acontece na próxima quarta-feira. Num jogo muito brigado e equilibrado, os garotos brasileiros mostraram muita competência e qualidade, como todos nós já sabíamos que esta seleção possuía. O técnico Ney Franco soube muito bem ajeitar a equipe para tentar algo novo, mechendo nas peças e mudando o esquema, e mesmo quando seus principais jogadores não estiveram bem, as alternativas apareceram e fizeram o Brasil jogar. As deficiências existem, é claro, principalmente na defesa e nas laterais.
Mas também existem muitos pontos positivos nesta seleção, que superam os defeitos citados acima. A qualidade individual e coletiva dos jogadores, a frieza e tranquilidade mesmo com apenas 20 anos no máximo para cada atleta, a união, a organização da equipe e também é claro toda a ginga brasileira são destaques da equipe. Como já foi dito, esta geração "colhe" uma safra muito boa, e estes meninos podem levar o Brasil ao pentacampeonato mundial sub-20, porque possuem qualidade para tal. O próximo desafio será contra os mexicanos, na quarta-feira. Mostrando futebol, postura e equilíbrio de gente grande, a seleção brasileira sub-20 segue seu caminho em busca de mais um título mundial da categoria, já visando um trabalho a longo prazo, com as Olimpíadas de 2012 e a Copa do Mundo de 2014. E o trabalho, por enquanto, está sendo muito bem executado.
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